27/11/2012

Quando o não aparece

Nesses últimos meses tive me acostumar com o “não”. Não como opção, mas como o único caminho, e apesar de estar sempre preparada para o não (sou pessimista por natureza) ele dói. Estou na crise do pós-formada. Fiz uma excelente faculdade de um curso que não gostava, mas aprendi a suportar e não foi porque não gostava que não fiz bem feito. Fiz muito bem-feito com um CR de poucos. Até então, eu com meus 23 anos, achava que tudo me poderia ser possível: sou jovem, tenho um diploma debaixo do braço e experiência de mercado. Cheguei a ser profissional plena aos 20 anos! Sou foda.

Não sou e tem gente que é muito melhor. Primeiro axioma. Por melhor que eu seja, sempre haverá alguém muito melhor.
Segundo axioma: nem tudo depende de mim. Sou muito prática – se tiver que resolver jogo nos peitos e vou a luta. Comecei a trabalhar cedo, tive que ouvir que meus sonhos deveriam ser readaptados a realidade que vivo e fui atrás. Quando você vai atrás de algo com garra e vontade, sendo que só depende de você, a coisa rola. Foi assim que encarei duas federais e levei até o final. Fácil só dependia de mim – e das greves. Mas no mercado de trabalho a coisa não é assim, depende de outras variáveis que não estão no meu controle. Variáveis que por mais que eu tenha estudado 5 anos de administração e em tese pelo menos deveria imaginar quais são, eu não faço a menor idéia. Subjetivas, intrínsecas e que muitas vezes te torturam imaginando onde foi que eu errei. Mas será que eu errei?
Me inscrevi em trocentos processos de trainee. Assim, digo trocentos porque nem sei mais quais empresas me candidatei, hoje mesmo recebi pelo menos 3 negativos. Amanha provavelmente eu receba outro. Um me chamou para entrevistas e cheguei até a final, porém não passei. Acho que é mais fácil passar em concurso público do que ser chamada em processo de trainee.
Isso não ajuda a melhorar o estado que estou, completamente frustrada. Parece simplesmente que as horas estão passando e eu estou estacionada; as frustrações não se limitam a vida profissional também a vida pessoal .
Na sexta passada tive uma crise de ansiedade. Cruel. Fiquei com o lado direito do meu corpo paralisado e o coração parecia ser a única coisa que funcionava – e funcionava com força. A cabeça era uma completa oficina do diabo, todos os medos mais primitivos me batiam a porta. Quanto mais batia a porta menos meu braço respondia.
Acho que surtei. Acho não, tenho certeza que surtei. Estou escrevendo isso aqui como um desabafo quase que desesperado de alguém que precisa muito ter pelo menos um foco para digitar. Na minha mesa tem um copo de café frio sem açúcar, duas caixas de ansiolíticos (sendo um para caso eu sinta que paralisarei em breve) e um telefone conectado 30 horas na internet me mostrando tudo aquilo que eu não quero ver – mas meu lado masoquista implora para ver.
Mais um não. Mais um você não serve. Mais um você não preenche.
Quantos nãos serão necessários para que eu possa recobrar meu estado normal?

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